Reza
a lenda que, todo atleticano, nasce atleticano. Eu fugi a essa regra. Nasci sem
time de coração. Até meus 7 anos de idade, não estava nem aí para o futebol. E
era bem isso mesmo, nem aí. Não gostava do esporte, queria mesmo, quando via um
jogo sendo transmitido pela TV, no domingo à tarde, que a luz acabasse ou que a
televisão desse um ‘biziu’ e não funcionasse mais.
Arquivo pessoal - Tio Zezinho segurando Vitor seu neto. |
Pois
bem, meu pai nunca foi meu influenciador. Pelo contrário, acho que não queria
que gostasse de futebol. Mas, ele sim gostava. Foi influenciado pelos pais e os
irmãos que idolatravam o Galo. Nunca tinha visto uma senhora de 71 anos com
tanto amor ao time como a minha avó. Só que, não estou aqui pra falar dela e
sim, de mim. Voltemos ao fato.
Como
odiava, digo, odiava porque hoje sou alucinada, tinha o prazer de provocar meu
pai. Era tão chata a ponto de sentar-me a frente da TV e ficar falando que o
time rival era muito melhor. E realmente, naquela época, o Galo era inferior ao
nosso arquirrival. Com isso, tornei-me a implicante da família, a chata e
insuportável segundo meus primos atleticanos.
Mas,
um dia, de tanto dizer que o Galo era um time ruim, o meu tio Zezinho, irmão
mais velho de meu pai, resolveu levar a sobrinha ‘cruzeirense’ ao clássico.
Lembro-me como se fosse ontem, um jogo no decorrer do campeonato, o time do
Atlético era o mandante, a torcida era superior no Gigante da Pampulha e o
arquirrival era o campeão do último ano. O Galo vinha embalado por 5 vitórias
seguidas e o Cruzeiro vinha de derrota para um time do interior do Estado.
Com
o orgulho em alta, chegamos ao Mineirão. Eu, sem dar um ‘pio’ da casa da minha
avó até lá. Entramos em um dos portões da lateral próximo ao gol, não me
recordo agora qual era o número do portão de entrada, mas tenho esse ingresso
até hoje. Ao pisar na arquibancada e ver aquele tapete imenso verde, arrepiei.
Não podia dizer isso pro meu tio, era orgulhosa demais pra dar o braço a
torcer.
Ao
nos posicionarmos no estádio para uma visão melhor de jogo, deparei-me com ela,
agitando suas bandeiras enormes no meio da arquibancada, a galoucura. Na hora,
fiquei um pouco assustada porque sempre ouvia minha mãe e meu pai dizerem que
torcida organizada sempre causam brigas. Porém, passamos por eles e nada
aconteceu. Paramos um pouco abaixo da charanga. Isso sim dava gosto de ouvir.
Todos muito bem ensaiados e afinados.
Empolgando
uma torcida que, naquele momento, roubou completamente a minha atenção e
despertou em mim uma coisa que nunca tinha sentido: um amor incondicional por,
digamos, uma coisa inanimada. Ou seja, um sentimento que não se explica, pois o
que vi naquelas arquibancadas naquele dia, foi um show a parte de uma nação
apaixonada por um clube do coração.
Nem
sabia que um amor assim poderia existir que não fosse por uma pessoa e sim por
um clube que, na minha antiga concepção era um derrotado. Após cruzar aquelas
arquibancadas, enxerguei ali um novo jeito para o futebol, que tanto odiava e
passei a amar, a ponto de parar toda a minha rotina para ver o Galo jogar.
Hoje,
quando vejo o amor que tenho por pelo CAM, agradeço por ter sido tão teimosa ao
provocar meu tio ao ponto de, num ato ‘bem pensado’ levou sua sobrinha pra
conhecer o clube mais amado do mundo. Porque não existe outra entidade em todo
o planeta que seja mais amada do que o CAM. E nesse ato bem pensado dele, foi
que descobri o time do meu coração. Como podia viver sem o esporte mais
praticado em todo mundo com o maior número de pessoas que se identificam com
ele, sejam adeptos ou mesmo os torcedores que ficam do lado de fora assistindo
o espetáculo chamado futebol.
E
hoje, digo, não consigo viver sem o CAM. Desde aquele primeiro momento em que,
me emocionei, ao entrar no estádio até o apito final do juiz em todos os jogos,
de lá pra cá não perco nenhum minuto de jogo. Costumo dizer que horário de jogo
do Galo é feriado. Não posso, não estou e não vou. Mesmo passando raiva com os
chinelinhos que vem e vão tenho orgulho de dizer que foi a melhor coisa que meu
tio já fez, foi ter apresentado a mim uma das coisas que mais amo nessa vida
depois de Deus e meus pais que é o Galo. Vivo e respiro CAM. Porque Galo é
amor, não é simpatia.
OBS
FINAL: Neste dia, a primeira vez que fui há um jogo de futebol, e logo num
clássico, lógico que o Galo não ia decepcionar né? O jogo foi bastante movimentado
e claro o Glorioso ganhou de 3x2.
#GaloSempre
Sobre o Autor:
Tá de parabéns, só faltava esse empurrãozinho do seu tio pra vc ver o que já tava correndo nas suas veias...
ResponderExcluirSua história prendeu aqui pra ver os detalhes...
Galo Sempre!